quarta-feira, 12 de setembro de 2007

MEDO DE SER FELIZ

Há bem pouco tive um medo danado...
E senti medo de sentir medo... rs rs rs rs... Por que o medo é o inverso da paixão (que já tratamos aqui); enquanto um impulsiona o outro freia; enquanto um faz subir, o outro precipita a queda...
Mas o meu medo tinha razões de ser, por isso o medo de senti-lo...
Senti “Medo de ser feliz”...
Fala sério: tinha ou não razão para me preocupar?
Tudo começou assim:

Ao longo da nossa caminhada cristã vamos incorporando, apreendendo as imagens de Deus que nos são passadas; algumas, imagens de elevado teor e glória; outras, superficiais... E todas medíocres, não em sua intenção, mas na forma como são expressas... Falam elas bem mais do esplendor ou pequenez dos seus autores que do próprio Deus; falam bem mais de convenções e culturas que do próprio Senhor do Universo... Assim, acabamos por ver por entre vitrais de cores, luzes e sombras... pelas lentes dos óculos da teorização de alguns sábios... Mas o que vemos não é Deus. Talvez uma dimensão, mas não Sua plenitude (rs rs rs rs... quase escrevi totalidade no lugar de plenitude, como se o conhecimento total de Deus fosse possível a nossa razão... Falo dos ignorantes quanto ao trato de Deus e me mostro o maior deles).

Nesse deserto, com a ajuda de verdadeiros sábios no assunto como Tereza de Ávila, Francisco Sales, Paulo da Cruz, Gema, Afonso, Terezinha, que falam, não por teorias, mas por amorosa experiência, que só se conhece a Deus olhando diretamente para Ele, olhei... Mas olhei bem pouquinho... Era demais pra mim... Olhei Deus onde mais me encanta – na Cruz... Olhei-o aí por vê-lo despido, assim como quero ser fitado por Ele... Olhei-o aí, não por gosto sinistro pela dor e sofrimento, mas por ver a plenitude humana mostrada pelo divino na consumação da vontade do próprio Deus... Mas olhei bem pouquinho... e o que vi foi já suficiente para desmantelar tudo o que sabia, amava e entendia até então...

Caí por terra, eu e meus preconceitos... De repente, num breve, brevíssimo olhar, vi falida a medieval teoria das proibições e pecados, não pela intenção, mas pelos resultados... o Deus da Cruz mostrou-me a plenificação humana erigida na vontade de Deus... Desprezei as proibições e teorias de pecado porque estão mais voltadas para o que não fazer do que para o que fazer para alcançar essa plenitude.

Olhei para Deus, sem vitrais ou lentes... Olhei só um pouquinho e suficiente para desfazer tudo quanto entendido e amado até ali...

Aí senti um medo danado de ser feliz... Olhou-me Deus, não como quem proíbe, mas como quem deseja... Olhou-me, e seus olhos em mim viam uma dignidade que ninguém jamais viu ou poderá demonstrar... Olhou-me Deus, com seus olhos de misericórdia, além da minha iniqüidade... E como único e supremo conhecedor da totalidade do meu eu, sabendo assim das minhas potencialidades em ceder e das suas próprias em operar em mim a graça, mostrou-me tão lindo projeto de sua vontade para com a minha alma que tive medo... medo de ser feliz...

Eu, em meu supremo egoísmo e soberba, jamais imaginara bem semelhante para mim mesmo; o projeto a nós proposto por Deus caiu-me tão surpreendente que pareceu distante, por superar a minha pequenez e mediocridade... Aí senti medo de ser feliz...

Mas, como sabem os que me conhecem que não gosto de ficar por baixo (e até que fim isso me serve de alguma coisa... rs rs rs...), comecei a desejar fazer jus à linda imagem que o Senhor tem de mim, e a segurança e confiança que tem em mim quanto à realização da sua vontade...

Desde então enlouqueci, e nunca vi com tanta clareza e sanidade... Ao excluir do meu peito a doutrina de proibição, temo ainda mais ferir a dignidade com que Deus me olha, só que agora com mais sentido, por amor.

Do que aprendi da vontade de Deus, sei dizer pouco... Sinto mais que entendo... Mas ouso, ignorante, algumas palavras: Quer, o Senhor, não seres tolhidos por proibições, mas plenos, realizados em todas as dimensões da sua personalidade (cognitiva, afetiva e social), limitados apenas pela justeza a sua vontade; seres capazes de devolver ao mundo seu justo projeto inicial de harmonia mútua e com a natureza, sempre tendentes ao melhoramento e superação; seres capazes de enriquecer o mundo de arte, beleza, concórdia, diálogo e respeito as diferenças... Ih! To com vergonha do tão pouco que consigo expressar...

Puxa! Só aqui me dou conta de que começo a entender as palavras de Paulo da Cruz a mim exortadas por Flavinha:
“Quando a Cruz do Senhor tiver lançado profundas raízes em seu coração, cantará: Nem sofrer e nem morrer, mas transformar-se inteiramente na vontade de Deus”...

Sei que, desde que semelhante feito aconteceu em minha vida, e o venho exercitando, voltei a ver tudo como quando era criança, com surpresa e alegria; tudo me causa encantamento e meche no lugar mais profundo da minha’alma, onde nascem os versos e as ânsias; passei a desejar o melhor de tudo e de mim mesmo e a colocar em todo o feito o mais de mim possível, e assim realizar a plenitude que Deus de mim deseja, das pequenas as grandes coisas... quero beijos apaixonados, abraços quentinhos, sorrisos sinceros, a música das horas, a fotografia e filme dos dias... também o “não” que me edifique, a discordância que promova a luz, o anti-sorriso que me acorde dos meus egoísmos...

Senti medo de ser feliz... Eu que me achava o tal, tão forte e destemido...

Agora, já não sinto mais medo de ser feliz...
Logo quando me sinto tão menino, sem armaduras, desprotegido e fraco... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

OUSE OLHAR PARA DEUS VOCÊ TAMBÉM, MESMO QUE BEM POUQUINHO, COMO EU, E VÁ POUCO A POUCO AMPLIANDO ESSA EXPERIÊNCIA... ASSEGURO, ASSIM COMO EU, SENTIRÁ UM MEDO DANADO DE SER FELIZ, MAS LOGO SE RENDERÁ A EXUBERÂNCIA DO PROJETO E DA VONTADE DE DEUS PARA COM NOSSAS ALMAS... MAS FIQUE TRANQÜILO(A), LOGO SE RENDERÁ E DESCOBRIRÁ QUE VIVER PODE SER MUITO, MUITO BOM...

BEM VINDOS A FELICIDADE.

Um selinho com boquinha de peixe carregado de muitas benção para você em extensão a todas as pessoas que ama.
Amém

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